domingo, 24 de maio de 2020

Sobre Política, Palavrão e Hipocrisia


É notório que o vídeo da Reunião do Presidente Bolsonaro com seu ministério publicado com a autorização de Ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, provocou um certo reboliço em todos os brasileiros, apoiadores ou opositores do governo.  As redes sociais entraram em polvorosa e muitas coisas foram ditas, direta e, principalmente, indiretamente, sobre o acontecido. Não somos obrigados a comentar sobre tudo, mas quero ponderar sobre política, palavrão e hipocrisia, tema desta dissertação.
                Eu gosto muito de política, sempre gostei muito do Leonel Brizola, suas falas  cheias de força, verdade e ironia. Politicamente, sempre estive alinhado com as ideias de esquerda. Achava, e ainda acho, as mais próximas a mim do que as demais. Eleitor desde 1998, sempre votei em candidatos com esses ideais, porque neles acredito. Vi meus candidatos ganharem quatro eleições sucessivas e promoveram um governo que olhava para o povo. Em 2016, um golpe fez cair o governo, e em 2018 os brasileiros elegeram uma pessoa despreparada, um ódio descabido tomou conta da nação. Mais específico, a queda de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, uma guerra de narrativas e a divulgação do vídeo acima citado, mostrou a verdadeira face do governo, e diga-se, de passagem, sem nenhuma novidade, pra mim. Eu sabia o que significaria a eleição do Bolsonaro e estava certo. A democracia nos permite essas “pérolas”, mas ainda sim, deve permanecer. Governos ditatoriais no Brasil nunca mais.
                Eu falo palavrão. Pra caralho. Uma vez fui quase despedido de um trabalho porque mandei alguém tomar no cu nas minhas redes sociais. Fui alertado que, como funcionário de uma organização religiosa não poderia ter uma postura daquelas. Se o presidente xinga, é problema dele, mas pela liturgia do cargo que exerce, numa reunião oficial não deveria fazê-lo. Eu já presidi diversas vezes, a maioria de organizações ligadas a religião e em reuniões oficiais nunca utilizei-me deste expediente. A ocasião não me permitia. Mas no particular, puta que pariu! E se eu quiser ofender alguém ou algo, sei utilizar palavras do vernáculo culto que são mais contundentes que um palavrão. Entendeu, porra? Se não, foda-se.
                Hipocrisia é a arte de exigir dos outros aquilo que não conseguimos de nós mesmos. Aí que vou me ater. Eu não sou hipócrita e por isso me molesta tanto. A ministra Damares Alves, que se diz a paladina da moral e dos bons costumes, numa condescendência sem precedentes, ali no meio daqueles senhores não dá uma palavra. Aceita numa boa. No jargão popular, “passa o pano”. Ontem eu recebi muitas indiretas porque comentei sobre isso na minha rede social. Você xinga e o presidente não pode? Ele pode e eu e você também. Mas não sejamos hipócritas. Vi pessoas que sempre me reprovaram pelos meus xingamentos, seja com palavras ou com olhares fuzilantes, hoje, acham de boa quando vem do presidente. Isso é hipocrisia, quando lhe convém, pode. Quando não, recrimina. Essa é a questão.
                Não sou o fiscal da moral alheia. Se isso te incomoda, nunca vou xingar perto de você. Tem gente que, só pela sua presença, me impinge uma postura diferenciada. Já aconteceu de eu falar a palavra merda perto de algumas pessoas e ficar constrangido. As eleições deixaram claro quem respeita seu posicionamento e quem só quer vencer. Eu agradeço por ter me afastados desses canalhas que se passavam por amigos e agora ficam de indiretinhas nas redes sociais. Esses mesmos bostas que pegariam a bandeira e vestiriam verde e amarelo na porta do Palácio do Planalto (onde nunca pisarão, ao contrário de mim, que vivia por lá) ao comando do líder. Para vocês, um sonoro F O D A – S E !

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